Timão Bet? Corinthians pode ter a própria plataforma de apostas
Será que o "Time do Povo" também vai ter a sua própria plataforma de apostas online? Segundo reportagem do portal GE, o Corinthians recebeu uma proposta de uma empresa interessada em lançar uma casa de apostas com a marca do clube, mas ainda não há definição se o projeto vai sair do papel.
No entanto, as experiências passadas da instituição do Parque São Jorge com outras plataformas podem inviabilizar a criação de uma eventual Timão Bet. Além disso, o clube atualmente é patrocinado pela Esportes da Sorte, em contrato válido até 2027.
Resumo da notícia:
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Corinthians avalia proposta de R$ 720 milhões para criar sua própria plataforma de apostas
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O modelo white label permite ao clube controlar a operação e receber 3% do lucro da Timão Bet
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Compliance demonstra cautela devido ao histórico de parcerias problemáticas e investigações na CPI
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A nova oferta supera o contrato atual, mas exige provas de lastro financeiro da empresa
Corinthians recebe proposta para criar sua própria plataforma de cassino
O mercado brasileiro de apostas pode ganhar uma nova marca de peso, mas com uma estrutura diferente das parcerias convencionais: o Corinthians analisa desde o início de dezembro uma proposta para o lançamento da Timão Bet, uma plataforma de apostas com a marca do clube paulista.
O modelo de negócios da Timão Bet seria no estilo "white label": ou seja, um sistema já pronto, criado por uma empresa parceira de tecnologia, e que o dono só precisa personalizar e gerenciar com a própria marca.
Atualmente, o Timão tem um contrato de patrocínio com a Esportes da Sorte, que paga R$103 milhões anuais para o clube paulista – e não está descartada uma renovação do vínculo, que é válido até junho de 2027.
Mesmo assim, segundo reportagem do portal GE, o projeto da Timão Bet já foi inclusive enviado para o departamento de compliance do Parque São Jorge.
No entanto, a negociação enfrenta uma certa resistência por 3 motivos centrais:
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Falta de lastro da empresa interessada, ainda pouco conhecida no Brasil
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Maior consolidação da Esportes da Sorte no mercado brasileiro
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Histórico recente do Corinthians com outras empresas, como a Vai de Bet
Quem seria a nova patrocinadora do Corinthians?
A empresa que propôs ao Corinthians a criação da Timão Bet seria a Responsa Gamming Brasil Limitada, segundo o GE.
Ela está na lista de plataformas legalizadas pela Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda (SPA/MF), segundo a portaria nº1.343, de 18 de junho de 2025.
A empresa tem a inscrição de CNPJ número 56.905.647/0001-17. Segundo o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, a sede da Responsa Gamming é em Belo Horizonte, em Minas Gerais.
Segundo a SPA, a Responsa tem duas marcas de bets cadastradas para si: a Joga Limpo e a Energia – ambas ainda inativas. Segundo a Lei 14.790/2023, cada empresa pode ter até 3 marcas cadastradas.
Como seria o modelo da Timão Bet?
A proposta colocada na mesa do Parque São Jorge prevê um aporte fixo que pode chegar a R$720 milhões por 4 anos – ou seja, R$180 milhões anuais, fora os gatilhos de premiação por títulos.
Além do valor fixo maior que o atual patrocínio alvinegro, o Corinthians poderia ter um diferencial na receita: uma cláusula de 3% sobre o lucro operacional da plataforma.
Em outras palavras, caso a Timão Bet seja um sucesso, o clube ainda poderia garantir uma receita variável com base na receita da plataforma.
Mas o contrato ainda prevê bônus muito gordos, de até R$220 milhões atrelados ao sucesso esportivo do clube. Destes, R$156 seriam em caso de conquistas de títulos, como por exemplo:
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Libertadores: R$15 milhões
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Campeonato Brasileiro: R$10 milhões
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Copa do Brasil: R$8 milhões
Desafios de compliance e licenciamento
Apesar dos valores sedutores, o departamento de compliance do Corinthians assumiu o caso e está analisando o contrato. E, segundo a reportagem, o negócio é visto com pouco otimismo.
Para entender o porquê disso, é preciso olhar para as cicatrizes deixadas por parcerias recentes no Timão.
O clube viveu episódios em que promessas de aportes milionários terminaram em disputas judiciais e vácuos financeiros, com a Vai de Bet em 2024 e, um pouco antes, com a Taunsa em 2022.
Caso Taunsa e o salário de Paulinho
Em 2022, o Corinthians anunciou uma parceria com o Grupo Taunsa, que deveria ser a principal patrocinadora do retorno do volante Paulinho ao Brasil. O acordo previa que a empresa arcaria integralmente com os vencimentos do jogador.
No entanto, poucos meses após o anúncio, a empresa interrompeu os pagamentos, alegando problemas de fluxo de caixa. O Corinthians se viu obrigado a assumir uma dívida milionária não planejada.
Vai de Bet e o "caso do laranja"
Mais recente e ainda mais ruidosa foi a saída da Vai de Bet, no caso que "quase" foi o maior patrocínio da história do Corinthians (com cifras de R$120 milhões por temporada).
No entanto, o caso acabou em rescisão precoce e ainda se estende como caso criminal. O estopim foi a denúncia de que uma empresa "laranja" teria sido utilizada para repassar comissões da negociação.
A crise de imagem foi imediata: a patrocinadora ativou uma cláusula de anticorrupção para romper o vínculo, deixando o clube sem sua principal receita máster bem no meio da temporada.
Corinthians pode "aprender" com a Fla Bet
O projeto da casa de apostas corintiana não é o primeiro na história do futebol brasileiro. Aliás, em 2025, um outro clube chegou a ter uma plataforma com o próprio nome: o Flamengo, com a Fla Bet.
O site também era uma white label, em que o clube carioca usava a plataforma operada pela então patrocinadora PixBet. Na camisa rubro-negra, era a marca da Flabet que ocupava o espaço mais nobre.
No entanto, o projeto não foi adiante: o contrato entre Fla e PixBet foi rescindido de maneira (bastante) antecipada, ainda em agosto – em teoria de maneira "amigável", mas havia atraso no repasse da bet nas parcelas de pagamento.
O Flamengo acabou fechando com a Betano, e a marca Flabet foi descontinuada. A PixBet optou por criar uma nova marca, a Ganheibet, que entrou na lista da SPA/MF como plataforma autorizada.
O caso, aliás, serve de lição para o Corinthians sobre a importância de blindar o contrato e até mesmo garantir a exclusividade da marca própria.
Conclusão
Ainda não se sabe se 2026 terá uma Timão Bet no mercado brasileiro de apostas online.
O desfecho da negociação depende do parecer técnico do departamento de compliance, que avalia a viabilidade da transição para o modelo de plataforma própria.
Além disso, o mês de dezembro no Parque São Jorge foi de foco à final da Copa do Brasil. Agora que o título está em mãos e a temporada está encerrada é que os assuntos "burocráticos" devem ser acelerados.
Enquanto analisa os R$ 720 milhões oferecidos e a cláusula de participação nos lucros, o Corinthians mantém o diálogo com a Esportes da Sorte para uma possível renovação.
A decisão final definirá se o clube seguirá o caminho do licenciamento direto, como visto no caso da antiga Flabet, ou se manterá o formato de patrocínio máster tradicional para as próximas temporadas.