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Sem aval de Lula, projeto da Bet da Caixa pode melar

A ideia da Bet da Caixa pode não sair do papel. O presidente Lula convocou Carlos Vieira, presidente da Caixa Econômica Federal, para uma reunião de emergência após o anúncio de que o banco lançaria uma plataforma de apostas própria em novembro.

A iniciativa da Caixa, um banco público, desagradou o Palácio do Planalto por ir na contramão do discurso crítico do próprio governo federal contra o mercado de bets.

Resumo da notícia:

  • O lançamento da "bet da Caixa" está em risco, pois diverge do discurso crítico do governo sobre apostas

  • Lula convocou o presidente da Caixa para reunião após o anúncio da plataforma de apostas própria

  • Objetivo da Caixa era gerar R$2,5 bilhões em receita e oferecer mais segurança ao apostador

  • Entidades de funcionários condenam a ideia da Bet da Caixa, pois se afasta da missão social do banco público

Lula e Carlos Vieira, presidente da Caixa
Lula e Carlos Vieira, presidente da Caixa (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Criação de uma plataforma de cassino da Caixa está em risco

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) solicitou a presença do presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira, para uma reunião sobre o anúncio de que o banco vai implementar um sistema de apostas esportivas próprio.

Lula e Carlos Vieira devem ponderar a decisão de lançar a Bet da Caixa, uma casa de apostas com a marca do banco público. A ideia, aliás, vem sendo criticada por opositores por divergir do discurso desfavorável do governo às apostas online.

Vieira havia anunciado o lançamento da Bet da Caixa na segunda metade de outubro, em entrevista ao site Money Times. Na ocasião, o presidente do banco afirmou que a plataforma de apostas seria lançada no final de novembro, com previsão de arrecadação de até R$2,5 bilhões em 2026.

No entanto, desde o final de outubro o nome do banco já aparecia entre os solicitantes da licença de apostas na Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda (SPA/MF).

Atualmente, a Bet da Caixa também aparece na lista de plataformas legalizadas, embora ainda não esteja no ar. A análise da secretaria e a licença brasileira, no entanto, foram de natureza formal e técnica, sem entrar no aspecto político.

O lançamento de uma casa de apostas por um banco público federal entra em choque com o discurso crítico que o governo tem adotado em relação às apostas esportivas.

Após a entrevista de Carlos Vieira, o governo Lula se tornou alvo de repreensão de parlamentares da oposição, como os senadores Cleitinho (PL-MG) e Damares Alves (Republicanos-DF).

Ideia da Caixa era "capturar" apostadores de bets ilegais

Após o Palácio do Planalto exigir esclarecimentos, o presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira, vai apresentar ao presidente Lula os fundamentos que embasaram o projeto do banco público de criar a sua própria bet.

Nos bastidores, um dos argumentos da instituição financeira é que parte das apostas são feitas em plataformas ilegais, sem autorização para funcionamento e que não pagam impostos no País.

O projeto da Caixa visa capturar esse mercado, com regras claras, gerar arrecadação e oferecer segurança ao apostador, segundo interlocutores do presidente do banco.

A proposta foi aprovada pelo Ministério da Fazenda, mas essa análise não entra no campo político, apenas em aspectos formais e técnicos.

Lula tem insistido na necessidade de aumentar as alíquotas dos impostos das casas de apostas. O governo, por exemplo, decidiu enviar novamente ao Congresso, nos próximos dias, uma proposta que amplia a tributação das casas de apostas e fintechs.

Caixa também quer se "modernizar" após queda nas loterias

O banco afirma ainda, nos bastidores, que a arrecadação das loterias caiu 50% depois das plataformas de cassino. Com isso, o próprio governo perdeu receitas, já que 48% da arrecadação bruta é repassada aos cofres públicos.

A intenção da Caixa era lançar o cassino online no primeiro semestre de 2024, mas o plano foi postergado à espera da regulamentação do Ministério da Fazenda, com medidas para combater as plataformas ilegais e oferecer algum tipo de segurança aos apostadores.

Em entrevista ao Globo publicada no último dia 16 de outubro, o presidente da Caixa também havia reiterado o plano e revelado a expectativa de lançamento da Bet da Caixa.

“É um mercado novo, e a Caixa é um entrante. Queremos ser um player importante”, declarou Vieira na ocasião.

Bet da Caixa também não agradou outros interlocutores

Não foi só Lula quem se mostrou contrário à ideia da Bet da Caixa. Outras instituições ou funcionários do serviço público se manifestaram contra a ideia da casa de apostas ligada ao banco.

A Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa, por exemplo, chamou a atenção para os efeitos sociais adversos que a iniciativa pode causar na população, sendo capaz de incentivar a compulsão e agravar o endividamento de milhões de brasileiros.

“O papel da Caixa é promover o desenvolvimento social, financiar a casa própria, fomentar políticas públicas e atender a população mais vulnerável. Essa medida vai na direção oposta da sua história”, afirmou o presidente da Fenae, Sergio Takemoto. 

Para ele, o apego desmedido a jogos é uma questão de saúde pública e o estímulo a esse tipo de prática pode intensificar a crise de endividamento que atinge milhões de famílias brasileiras.

“Não é papel de um banco público incentivar esse tipo de jogo. A Caixa é patrimônio do povo brasileiro e deve continuar a ser instrumento de inclusão e justiça social, não de especulação e risco. O país precisa de uma Caixa fortalecida e voltada para o bem-estar coletivo, e não de uma instituição que siga a lógica do mercado, buscando lucro a qualquer custo”, completou. 

O Sindicato dos Bancários também apontou que a criação desta plataforma pode ser um risco para a sociedade e causa preocupação. Para Chico Pugliesi, diretor executivo do Sindicato dos Bancários de São Paulo, o ingresso da Caixa nesse nicho afasta o banco da sua função social.

“O papel da Caixa é a promoção do desenvolvimento social por meio do fomento a políticas públicas, do pagamento de benefícios sociais, do crédito habitacional e do financiamento estudantil. Uma bet da Caixa vai na contramão desta missão e do discurso crítico do governo às apostas esportivas”, afirmou Pugliesi.

“A função da Caixa é o investimento em programas que resultem em inclusão social. E não seguir a lógica do mercado de lucro acima de tudo. Os brasileiros precisam contar com um banco público dedicado ao bem-estar social”, completou.

Conclusão: Bet da Caixa pode melar sem o aval de Lula

O presidente Lula solicitou a presença de Carlos Vieira, presidente da Caixa Econômica Federal, para uma reunião no fim de outubro de 2025, a fim de ponderar o lançamento da plataforma de apostas esportivas do banco, a "bet da Caixa".

O projeto, que diverge do discurso crítico do governo sobre o tema, tem sido alvo de repreensão de parlamentares da oposição.

Vieira havia anunciado o lançamento para o final de novembro, prevendo uma arrecadação de até R$2,5 bilhões em 2026. Após o Palácio do Planalto exigir esclarecimentos, Vieira apresentará os fundamentos do projeto.

O principal argumento da Caixa é a intenção de capturar o mercado atualmente explorado por plataformas estrangeiras ilegais, garantindo segurança ao apostador e gerando receita para os cofres públicos.

Apesar de a proposta ter sido aprovada tecnicamente pelo Ministério da Fazenda, o presidente Lula tem insistido na necessidade de ampliar a tributação das casas de apostas em geral, ao invés de criar uma “plataforma do Governo”.

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Jorge Lima

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