Estudo: Brasil perde até R$11 bi com bets ilegais
O mercado ilegal de apostas no Brasil pode gerar uma perda anual de até R$ 10,8 bilhões na arrecadação federal, segundo estudo da LCA Consultores e IBJR. A pesquisa aponta que 7 em cada 10 apostadores usam plataformas sem registro, com 80% dos acessos não autorizados vindo de publicidade de influenciadores, evidenciando um enorme desafio na distinção de sites legais.
Resumo da notícia:
O Brasil perde, por ano, até R$ 10,8 bilhões em arrecadação com jogos ilegais
7 em cada 10 brasileiros que apostam já jogaram em plataformas sem registro
Cerca de 80% dos acessos às plataformas não autorizadas começam na publicidade feita por influenciadores
Reportagem do UOL identificou 83 perfis divulgando sites não autorizados, em contas com até 8 milhões de seguidores
Arrecadação fiscal brasileira perde até R$10,8 bilhões com plataformas de cassino ilegais
Os cassinos ilegais no Brasil geram uma perda de até R$10,8 bilhões por ano aos cofres públicos do Governo Federal.
Essa é a conclusão de um levantamento inédito, intitulado “Fora do Radar: Dimensionamento e impactos socioeconômicos do mercado ilegal de apostas no Brasil”, conduzido pela LCA Consultores e apoiado pelo Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR).
Os números têm como fundamento a sondagem “Incidência de Apostas Ilegais no Brasil”, do Instituto Locomotiva, que analisa o comportamento do apostador e expõe a dificuldade que ele encontra em discernir quais plataformas estão em conformidade com a lei no país.
Feita entre abril e maio de 2025 com 2 mil apostadores adultos, a pesquisa do Instituto Locomotiva serviu de alicerce para o estudo econômico elaborado pela LCA.
Quase metade do setor de apostas no Brasil ainda é ilegal
O material estima que entre 41% e 51% do setor brasileiro de apostas ainda permanece na ilegalidade.
A atuação dessas plataformas irregulares ocasiona um impacto fiscal preocupante: entre R$1,8 bilhão e R$2,7 bilhões deixaram de ser coletados em apenas três meses – um montante que pode atingir R$10,8 bilhões em um ano.
Para fins de ilustração, essa quantia bastaria para cobrir o salário anual de mais de 180 mil professores da educação básica ou para construir mais de 40 mil residências do programa Minha Casa, Minha Vida.
O valor também é próximo ao orçamento previsto para o Ministério de Ciência e Tecnologia em 2025, por exemplo.
“Os números são estarrecedores e demonstram a urgência de um combate efetivo ao mercado ilegal”, afirmou Fernando Vieira, presidente executivo do IBJR.
A regulamentação do setor, válida desde 1º de janeiro de 2025, estabelece que só os sites com licença da Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda (SPA/MF) têm permissão para operar legalmente no País.
Esses operadores devem cumprir deveres fiscais, diretrizes de funcionamento e múltiplas salvaguardas para o apostador.
Apesar disso, 61% dos participantes da pesquisa confessaram ter realizado apostas em sites virtuais clandestinos neste ano – frequentemente, sem conhecimento dos perigos inerentes.
“Após criada e implementada uma moderna regulamentação no Brasil, o desafio agora é um combate bem articulado e intensivo ao mercado ilegal”, comentou Eric Brasil, diretor de Regulação e Políticas Públicas da LCA Consultores.
“A redução do mercado ilegal traz uma série de benefícios à sociedade brasileira, desde proteção aos apostadores e combate ao crime organizado, passando pelo aumento da arrecadação do Governo”, acrescentou.
Números que assustam e precisam de melhora
Dados do estudo ligam um alerta sobre a dificuldade do consumidor em identificar quais plataformas operam legalmente:
78% responderam que consideram difícil diferenciar sites legais dos ilegais
72% declararam que nem sempre conseguem verificar a regularidade das plataformas
46% já depositou dinheiro em uma plataforma que depois foi identificada como falsa
73% dos apostadores disseram que, ao menos uma vez, jogaram em uma das plataformas ilegais mapeadas em 2025
Como agem os sites clandestinos de apostas?
A quantidade de apostadores nas plataformas de cassino ilegais é ainda maior em populações com menos renda e escolaridade, deixando-as à margem dos mecanismos de proteção das plataformas regulamentadas (como reconhecimento facial, limites de perdas financeiras e de tempo de jogo).
Conforme o mesmo levantamento do Instituto Locomotiva, as estratégias empregadas por operadores sem licença envolvem:
Adoção de nomes parecidos com os de marcas em conformidade com a lei
Alterações constantes de endereço eletrônico (domínio)
Propagandas descontroladas veiculadas por criadores de conteúdo online, que fazem falsas promessas de enriquecimento rápido
Embora as autoridades tenham se empenhado, resultando na inativação de mais de 11 mil endereços eletrônicos fora das normas, a atividade desses cassinos ilegais permanece, frequentemente sediada em servidores e domínios estrangeiros.
Outro fator que precisa de uma regulamentação maior são os influenciadores.
Cerca de 80% dos acessos às plataformas não autorizadas começam na publicidade feita por influenciadores, segundo Roger Amarante, CFO da S8 Capital, de soluções estratégicas para empresas de apostas esportivas.
Modus operandi das plataformas ilegais
Uma reportagem do UOL destrinchou o esquema das plataformas ilegais e explicou como esses sites atuam.
Site de bet é criado (geralmente o domínio é registrado em outro país)
Contrata influencer para fazer propaganda divulgando o link do jogo
Apostador clica no link postado por influencer, chega no site ilegal e faz um depósito por pix para começar a jogar
Dinheiro vai para uma empresa brasileira intermediadora da transação financeira
No geral, o site dificulta a retirada do prêmio ou some do ar
Instituição de pagamento brasileira repassa os ganhos do site para a conta responsável pela bet ilegal
Para burlar a fiscalização, o esquema recomeça com outro domínio do item 1
Como descobrir se o cassino é legal?
O jeito mais fácil, rápido e direto é olhar a URL do site. Ele precisa ter o domínio “bet.br” para ser uma casa de apostas licenciada.
Além disso, outros pontos relevantes são:
Cadastro com reconhecimento facial (KYC), com envio de documentos e outras checagens para identificar o apostador e barrar menores de 18 anos
Possibilidade de estabelecer limites de perdas financeiras e também de tempo passado na plataforma (com mecanismos que detectem comportamentos de risco)
Aceitação apenas de Pix, cartão de débito e transferência bancária como meio de depósito (nada de cartões de crédito nem criptomoedas)
Oferecem mecanismos de autoexclusão para os jogadores
Caso haja dúvidas, os sites de apostas aprovados para operação no Brasil estão listados no site do Ministério da Fazenda.
Conclusão
Um estudo da LCA Consultores, apoiado pelo IBJR, revelou que o mercado ilegal de apostas no Brasil causa uma perda potencial de até R$ 10,8 bilhões anuais aos cofres públicos.
O levantamento, fundamentado em uma pesquisa do Instituto Locomotiva com 2 mil apostadores, estima que entre 41% e 51% do setor ainda é clandestino, resultando em um impacto fiscal alarmante.
Apesar da regulamentação em vigor desde janeiro de 2025, 61% dos entrevistados admitiram ter jogado em plataformas não autorizadas neste ano.
O principal desafio é a dificuldade do consumidor em diferenciar sites legais (que exigem o domínio ".bet.br") dos ilegais: 78% consideram a distinção difícil.
Operadores ilegais usam nomes semelhantes aos de marcas legalizadas e utilizam influenciadores digitais para publicidade desregulamentada, sendo que 80% dos acessos não autorizados vêm dessa fonte.
O combate efetivo a essas atividades é crucial para proteger os apostadores e aumentar a arrecadação.
Referências deste artigo
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Fato verificado por Luiz Chiqueto
Gerente de Conteúdo