Brasil é o 5º maior mercado de bets no mundo, diz BBC
O Brasil deve fechar 2025 como o quinto maior mercado mundial de cassinos e apostas online em 2025, segundo dados exclusivos da consultoria Regulus Partners divulgados pela BBC.
Estima-se um faturamento superior a US$4,1 bilhões (cerca de R$22 bi) no ano, uma escalada impressionante no contraste com o faturamento de cerca de R$1,5 bilhão em 2014.
O país fica atrás apenas de Estados Unidos, Reino Unido, Itália e Rússia.
Resumo da notícia:
Casas de apostas devem faturar cerca de R$ 22 bilhões apenas neste ano no Brasil
Mercado do Brasil de apostas online só perde para Estados Unidos, Reino Unido, Itália e Rússia.
A regulamentação tardia e a facilidade de transação com o Pix impulsionaram o setor.
Anos de proibição e intenso marketing, sobretudo com futebol, geraram adesão em massa da população
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Brasil já é o 5º maior país em valor de aposta nos cassinos
Plataformas de cassino online terão um faturamento de US$ 4,14 bilhões (cerca de R$ 22 bilhões) no Brasil, em 2025.
Com este valor, o País será o quinto maior mercado do mundo para o setor, conforme os dados obtidos com exclusividade pela BBC News Brasil com a consultoria internacional Regulus Partners, focada no setor de esportes e lazer.
As projeções foram feitas com base nos relatórios $ financeiros de companhias abertas e em informações disponíveis sobre os valores movimentados no setor.
Os Estados Unidos estão em um distante primeiro lugar, com receita líquida (descontados impostos) estimada de US$17,3 bilhões (R$93 bilhões), seguidos por Reino Unido (US$9,9 bilhões ou R$53 bi), Itália (US$4,6 bilhões) e Rússia (US$4,5 bilhões).
Os números se alinham com as estatísticas da Secretaria de Prêmios e Apostas, que recentemente divulgou que as 78 empresas hoje autorizadas a operar no país registraram um faturamento de R$17,4 bilhões no primeiro semestre de 2025.
Esta é a primeira vez que o Brasil é considerado na lista de maiores mercados da Regulus Partners, já que até 2024 não havia regulamentação para a operação das bets no terra tupiniquim.
Mesmo sem dados precisos de anos anteriores, Paul Leyland, especialista da área de modelos econômicos, financeiros e de negócios em jogos de azar da consultoria, destacou o acréscimo agressivo do mercado brasileiro na última década, que era estimado em apenas US$300 milhões em 2014.
"O impulso maior veio especialmente com os lockdowns na pandemia de covid-19", ele comenta.
Mas não foram só as restrições de isolamento social. Uma junção de fatores se combinou para colocar o Brasil entre os cinco maiores mercados para jogos de azar no mundo.
A vedação histórica dos jogos de azar, a aceitação do brasileiro a novas tecnologias e ao consumo digital, o extenso período entre a legalização e a regulamentação das apostas online, a campanha de marketing das empresas e até o êxito do Pix figuram entre os fatores elencados pelos especialistas e fontes do setor ouvidas pela reportagem.
Veja o top 10 mundial
Estados Unidos*: US$17,31 bilhões
Reino Unido: US$9,9 bilhões
Itália: US$4,62 bilhões
Rússia: US$4,51 bilhões
Brasil: US$4,14 bilhões
Austrália: US$3,66 bilhões
Canadá**: US$3 bilhões
França: US$2,89 bilhões
África do Sul: US$2,52 bilhões
Alemanha: US$1,59 bilhão
*Nos estados onde a atividade é legal (inclui corridas de cavalos e Daily Fantasy Sports).
**Inclui o monopólio da Ontario Lottery and Gaming Corporation (OLG) e corridas de cavalos.
Fatores que impulsionam o Brasil no top5
O salto surpreendente do Brasil para o top 5 mundial no mercado de apostas online não é resultado de um único evento, mas sim da confluência de diversos fatores econômicos, sociais e regulatórios.
A consultoria Regulus Partners e especialistas do setor apontam que a expansão foi impulsionada por elementos que vão desde a resposta do consumidor brasileiro a novas tecnologias até o momento regulatório do país.
Uma combinação única de características culturais, como a afinidade com o futebol e a rápida adoção de sistemas de pagamento como o Pix, junto com um histórico de proibição que gerou demanda reprimida, posicionou o Brasil como um laboratório global e um dos mercados mais dinâmicos para as bets.
A seguir, detalhamos os principais fatores catalisadores desse crescimento exponencial.
Regulamentação tardia, mas permissiva
A legalização das apostas esportivas ocorreu em 2018, mas a regulamentação só veio em 2024.
Durante esses sete anos sem normas claras, as empresas de apostas agiram livremente, implementando táticas de marketing agressivas e dominando o mercado antes mesmo de serem oficialmente reguladas.
Isso transformou o Brasil em uma espécie de laboratório das bets.
Expansão da bancarização e do Pix
O Pix, sistema de pagamento instantâneo e gratuito, facilitou depósitos e saques rápidos, removendo obstáculos operacionais comuns em outros países.
A elevada taxa de bancarização digital da população também colaborou: o brasileiro já está habituado a fazer transações pelo celular.
Cultura digital e abertura à tecnologia
O brasileiro é um consumidor altamente digitalizado, com forte presença em redes sociais, aplicativos e plataformas de diversão.
Esse perfil foi essencial para a rápida adesão às plataformas de apostas, que são todas digitais e com interfaces gamificadas, intuitivas e cativantes.
Demanda reprimida e histórico de proibição
O Brasil passou mais de 80 anos com jogos de azar vedados. Isso gerou uma demanda reprimida por esse tipo de entretenimento.
Quando as bets surgiram como opção legalizada e acessível via celular, a resposta foi imediata e em larga escala.
Marketing intenso e vínculo com futebol
As casas de apostas investiram pesadamente em publicidade e patrocínio, especialmente no futebol, a maior paixão nacional.
Hoje, todos os clubes da Série A do Brasileirão exibem marcas de bets nas camisas. Essa exposição intensa ajudou a “normalizar” o ato de apostar, tornando-o parte do dia a dia de torcedores e consumidores.
Pandemia como catalisador
Durante os lockdowns da Covid-19, o consumo digital deu um salto. Com o esporte como um dos poucos passatempos possíveis, as apostas ganharam ainda mais força.
Foi nesse período que muitos brasileiros começaram a apostar com frequência, hábito que se firmou nos anos seguintes.
Resultado: Crescimento
O mercado brasileiro de apostas experimentou um salto impressionante em uma década.
Em 2014, o setor era avaliado em apenas US$300 milhões. Projeta-se que em 2025, o faturamento atinja US$4,14 bilhões.
Seguindo esta toada, não deve demorar para o Brasil superar os mercados de Itália e Rússia e atingir o "pódio" dos maiores mercados das apostas online.
Conclusão: Brasil vira um dos líderes mundiais nas casas de apostas
Em 2025, o mercado de cassinos e apostas online no Brasil deverá atingir um faturamento de US$ 4,139 bilhões, tornando-o o quinto maior do mundo (atrás de EUA, Reino Unido, Itália e Rússia), segundo dados da consultoria Regulus Partners.
O montante reflete um crescimento agressivo, saindo de uma estimativa de US$ 300 milhões em 2014.
Pela primeira vez incluído na lista devido à regulamentação de 2024, o Brasil experimentou uma expansão impulsionada por uma combinação de fatores.
A regulamentação tardia (legalização em 2018 e regras em 2024) permitiu que as empresas atuassem livremente com marketing intenso.
Além disso, a expansão do Pix facilitou as transações, e a alta cultura digital do consumidor brasileiro garantiu rápida adesão.
O setor capitalizou a demanda reprimida por jogos de azar após 80 anos de proibição e utilizou o marketing massivo, especialmente o patrocínio ao futebol.
Sem falar, é claro, que a pandemia serviu como catalisador, acelerando o consumo digital e consolidando o hábito de apostar.
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Fato verificado por Luiz Chiqueto
Gerente de Conteúdo