Governo adia bloqueio de beneficiário do Bolsa Família em bets
O Governo Federal prorrogou em 30 dias o prazo para que plataformas de cassino online bloqueiem o cadastro de beneficiários do Bolsa Família e do BPC.
A medida visa a impedir que cidadãos de baixa renda utilizem esses serviços de apostas, com fiscalização através do Sistema de Gestão de Apostas, o SIGAP.
Caso desrespeitem a regra, as casas de apostas poderão ser multadas, ter licenças suspensas ou canceladas.
Resumo da notícia:
Governo Federal havia concedido 30 dias a mais para cassinos online barrarem beneficiários do Bolsa Família
Novo prazo expira em 30 de novembro
Medida tem objetivo de evitar que pessoas de baixa renda apostem em plataformas de jogos online
São previstas multas de até 20% e até a suspensão da licença em caso de descumprimento
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Cassinos online ganham mais 30 dias para impedir apostadores do Bolsa Família
O Governo Federal estendeu para 30 de novembro o prazo para que as plataformas legalizadas de cassino impeçam o registro ou a utilização de seus sistemas por cidadãos que recebem o Bolsa Família e o BPC (Benefício de Prestação Continuada).
O prazo inicial expiraria no final de outubro, mas o Ministério da Fazenda (MF) concedeu mais 30 dias para que as casas de apostas se ajustem às regras. A medida, agora, vence em 30 de novembro.
O documento, firmado pelo secretário de Prêmios e Apostas, Regis Dudena, modifica outra instrução normativa: a de número 22, que determinava que os cassinos barrassem o cadastro dos beneficiários desses programas até o final de outubro.
Mesmo com o novo prazo, o core da diretriz não mudou: as bets devem consultar o SIGAP para averiguar se há beneficiários desses programas em sua base de apostadores.
"A solicitação de abertura de cadastro no sistema de apostas deve ser negada quando a consulta ao SIGAP retornar a informação 'Impedido - Programa Social'", informa a normativa.
“Caso o usuário não efetue o resgate espontâneo dos valores de sua titularidade existentes na conta, o agente operador de apostas realizará a restituição”, continua a Instrução Normativa 22.
Punições em caso de descumprimento
Se as plataformas desrespeitarem a medida, elas poderão ser penalizadas da seguinte maneira:
Comunicação de infração e advertência
Em caso de reincidência, multas que podem ir de 0,1% a 20% do montante total das apostas na plataforma
Se mantiverem a infração, as casas podem ter a licença suspensa
Em casos extremos, a licença de operação brasileira pode ser cancelada
Bolsa Família já rendeu R$3 bilhões para as bets
As plataformas de apostas online têm capacidade de movimentar, em apenas um mês, mais de R$3 bilhões provenientes de beneficiários do Bolsa Família.
Este valor equivale a aproximadamente R$ 100 por pessoa, considerando o universo de 5 milhões de beneficiários analisado em um relatório do Banco Central divulgado em 2024.
Desse grupo, cerca de 70% poderiam ser consideradas as principais fontes de renda dos lares que recebem o auxílio.
Dados citados em uma reportagem do portal UOL mostram que 10,9 milhões de brasileiros apresentam comportamento de risco no uso de apostas.
Detalhes dos programas sociais
O BPC (Benefício de Prestação Continuada) ampara cerca de 3,75 milhões de pessoas em julho, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social.
Este benefício, que paga o equivalente a um salário mínimo por mês, é direcionado a idosos ou pessoas com deficiência de baixa renda.
Para ter direito ao BPC, o indivíduo deve:
Ter 65 anos ou mais ou alguma deficiência
Ser brasileiro (nato ou naturalizado) ou português residente no Brasil
Possuir renda familiar por pessoa de até 25% do salário mínimo, calculada com base no Cadastro Único (CadÚnico) e dados do INSS.
Já o Bolsa Família beneficiou aproximadamente 19,2 milhões de famílias em agosto, alcançando mais de 50 milhões de cidadãos.
A exigência de renda para o programa é de, no máximo, R$ 218 mensais por pessoa, além da atualização cadastral no CadÚnico.
O valor base do Bolsa Família é de R$ 600,00 por família, acrescido de bônus cumulativos:
R$ 150,00 para cada criança de até 6 anos
R$ 50,00 para gestantes
R$ 50,00 para jovens entre 7 e 18 anos incompletos
R$ 50,00 para bebês de até 6 meses
Outras frentes do Governo Federal no setor de apostas
Além de bloquear o acesso de beneficiários de programas sociais às casas de apostas, o Governo Federal está trabalhando em um Plano de Ação abrangente para o setor de bets.
As medidas, lideradas pelo Grupo de Trabalho Interministerial de Saúde Mental, focam em prevenção, suporte ao apostador e combate a fraudes, abrangendo desde o SUS até as próprias plataformas.
Plataforma de autocontrole e prevenção
A gestão Lula planeja implementar, ainda em 2025, uma plataforma centralizada de autoexclusão, permitindo que os jogadores impeçam o próprio acesso às bets através de apenas um comando.
Essa medida faz parte de um plano de ação focado na saúde mental dos apostadores, que também inclui a sugestão de um questionário de autoavaliação padronizado.
As plataformas de apostas deverão disponibilizar esse teste para que os clientes analisem sua própria relação com o jogo.
Capacitação e suporte na saúde pública
Outra frente de ação é a capacitação dos profissionais da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do Sistema Único de Saúde (SUS) para o acolhimento e tratamento de indivíduos com problemas ligados às apostas.
O Ministério da Saúde, em parceria com a Fiocruz Brasília, oferecerá um curso online sobre vício em apostas. O curso tem a previsão de durar 45 horas e estar disponível para 20 mil profissionais.
Segundo Marcelo Kimati, diretor do Departamento de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, a prioridade é "fortalecer a rede existente e qualificar as equipes" para esse atendimento.
Diretrizes de atendimento e combate a fraudes
O plano também estabelece Diretrizes Mínimas de Atendimento ao Apostador, com foco na saúde, para uniformizar as orientações dadas aos profissionais e atendentes das plataformas.
Por fim, estão previstos a criação de materiais educativos sobre idoneidade esportiva e combate à manipulação de resultados (direcionados a atletas) e o lançamento de uma campanha de comunicação institucional.
Conclusão
O Governo Federal estendeu por mais 30 dias o prazo para que as casas de apostas (bets) implementem o bloqueio de registro para beneficiários de programas sociais, como o Bolsa Família e o BPC.
A prorrogação foi formalizada pela Instrução Normativa 24 do Ministério da Fazenda, permitindo que as empresas consultem o Sigap para barrar esses cadastros.
Em caso de descumprimento, as plataformas estão sujeitas a advertências e multas que podem chegar a 20% do volume de apostas, além de terem a licença suspensa ou cassada.
A urgência da medida se deve ao alto impacto social e financeiro do jogo: um relatório do Banco Central indicou que as bets capturaram ao menos R$3 bilhões de beneficiários do Bolsa Família em apenas um mês.
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Fato verificado por Luiz Chiqueto
Gerente de Conteúdo